sábado, 13 de outubro de 2007

Olga do Alaketu por Jorge Amado




Elas são princesas, são rainhas, essas mães-de-danto da Bahia. Rainha é Olga do Alaketu, filha de Roko e de Yansã, dengue, malícia e beleza. É uma sacerdotisa e uma vedete ao mesmo tempo. No exercício do seu sacerdócio, à frente de um dos candoblés mais serios e importantes da cidade, o Alaketu, Olga é perfeita nas obrigações, na conservação do ritual, no comando das filhas e dos ogãs e na intimidade dos orixás.

Não pode haver beleza maior do que sua dança quando, cavalo de Yansã, se transporta ao mundo mágico onde reina sobre a guerra e os mortos. As festas do Alaketu são magníficas.

Olga é a Yansã mais poderosa da Bahia.

Fora dos limites da casa-de santo, onde recebe os aflitos e os carentes, joga os búzios, responde a consultas e zela os orixás nos pejis, quando despe o traje de baiana e enverga a última criação de Denner, é uma artista desfilando, uma embaixadora do mistério da Bahia.

Personalidade marcante, uma das grandes mães-de-santo da nova geração que vem ocupar o vazio deixado pelas inesquecíveis Maci, Aninha, Senhora, Ruinhó, Simpliciana. Dessa grande geração, apenas Menininha persiste. Entre as sucessoras, Olga do Alaketu é a primeira.

(Texto de Jorge Amado)

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