sábado, 13 de outubro de 2007

Tudo começou na África


Há trezentos e oitenta e oito anos que do Axé do Alaketu - onde reinou Oya Fumin, Iya Olga do Alaketu, Iyalase do Ilê Maroialaje - em cada geração sai uma mãe-de-santo (zeladora-de-santo). É uma história muito antiga, que começa pela África.

Lá no reinado de Ketu haviam duas princesas, filhas gêmeas do Rei, que batizou suas meninas de Iya Komosobe e Otampe-Ojaro. Certo dia as belas meninas foram colher pedrinhas de ouro nas margens de um rio próximo ao castelo onde moravam, quando foram agarradas por dois comerciantes de escravos que as puseram num navio com destino a Salvador, na Bahia. Lá chegando as meninas foram postas à venda. Foi então que apareceu um homem alto que, segundo mãe Olga, era o mesmo de Oxumaré. Esse homem misterioso comprou as escravas e lhes deu alforria.

Essas meninas sobreviveram e, aos 18 anos, voltaram à Africa, ao reinado de Ketu, onde permaneceram até os 21 anos. Lá Otampe-Ojaro casou-se com Babalaje ou Baba-Olaje. O casal voltou ao Brasil onde Babalaje recebeu o nome de João Régis e Otampe-Ojaro adotou o nome de Maria do Rosário. Por três patacas, dinheiro que não existe mais, o casal comprou uma terra e Otampe-Ojaro fundou, em 8 de maio de 1616, o Alaketu. Até hoje o Alaketu, onde está o Ile Ase, a roça, está como ela plantou, na rua Luiz Anselmo, em Brotas, Cidade Alta, Salvador Bahia, num lugar chamado Matatu Grande.

A segunda geração: João Régis, filho de Otampe-Ojaro, sacou-se com Ode-Akobi, no Brasil chamada de Maria Francisca, e teve dois filhos Jacó e José Gonçalo Francisco Régis. Este último casou-se com Omi Sile, chamada no Brasil Maria Silvéria. Eles tiveram doze filhos formando a terceira geração, da qual só duas crianças sobreviveram: Dionisia Francisca Regis, que era a mais velha e João Regis Neto. Então Dionísia, já conhecida como avó Dionísia, recebeu o Oiê das velhas. Sabem o que é o Oiê? É um título, um posto que épassado como herança para outra pessoa da família.

Quem herda o Oiê se compromete a cumprí-lo, respeitá-lo e passá-lo para quem possuir a capacidade de tê-lo. Alguém que tenha conhecimento e condições de exercer o Oiê com altivez, dedicação, conhecimento, amor e sabedoria. Obá Wenda, Dionisia Francisca Regis, foi uma grande zeladora de santo. Seu irmão João Régis Neto casou-se com Maria Francisca , mãe de uma única filha, Etelvina Francisca Regis, que também fez suas obrigações em 1918 aos 16 anos e casou-se aos 21 anos com Matheus Cassiano dos Reis. Etelvina não recebeu o cargo, o Oiê, que continuou com a avó Dionísia que zelava pelo Alaketu, passando mais tarde o cargo diretamente para mãe Olga Francisca Regis - Oya Fumin, que reinou sabiamente no Alaketu, no grande Ase.

O Santo é quem escolhe. Se a pessoa tiver o mesmo odu da pessoa que plantou o Ase, essa será a escolhida.

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